Descoberta de uma das maiores valas comuns de vítimas da peste
Por
Gustavo José
maio 17, 2025
Há períodos sombrios na história da Europa, marcados por epidemias, guerras e fomes devastadoras. Entre as epidemias mais mortais está a peste, que deixou uma marca indelével no continente e afetou irreversivelmente o curso de sua história. Uma descoberta recente em Nuremberg, na Alemanha, ressalta a escala e a tragédia dessas epidemias, já que os restos mortais de pelo menos 1.000 vítimas da peste foram encontrados em valas comuns. Pode ser a maior vala comum já descoberta na Europa e oferece aos historiadores e arqueólogos uma janela valiosa para um período sombrio da história humana.
Enterro apressado de corpos atingidos pela peste
No centro deste achado estão oito poços. Cada um deles contém os restos mortais de centenas de pessoas, incluindo crianças e bebês, que datam do final do século 15 ao início do século 17. Os restos mortais foram descobertos durante escavações antes das obras de construção na cidade de Nuremberg e tornaram-se uma evidência clara das epidemias de peste que atingiram a região em 1533-1634. Acredita-se que essas epidemias tenham ceifado a vida de cerca de 30.000 habitantes locais, uma perda demográfica catastrófica para a época.
Durante as escavações, cacos de cerâmica e moedas de prata também foram encontrados em dois dos três poços já investigados. A datação por radiocarbono da cerâmica coincide com o período de epidemias de peste entre 1622 e 1634, e as moedas datam de cerca de 1619. Esses achados não apenas confirmam a idade dos sepultamentos, mas também fornecem informações sobre o contexto socioeconômico do período.
Em contraste com a prática tradicional cristã de sepultamento da época, quando os falecidos eram enterrados com a cabeça para o oeste e os pés para o leste em antecipação à ressurreição de Cristo, os esqueletos de Nuremberg foram encontrados em uma variedade de poses. Alguns estavam sentados, outros deitados de lado.
Além disso, os corpos eram muitas vezes empilhados uns sobre os outros para economizar espaço. Segundo os arqueólogos, esse método de sepultamento reflete a necessidade urgente de enterrar um grande número de corpos, que excedeu a capacidade dos cemitérios existentes, em pouco tempo, sem violar as normas funerárias da época.
Os restos mortais estão em muito bom estado
Até o momento, arqueólogos contaram e exumaram até 1.000 corpos, mas estimam que esse número pode ultrapassar 1.500 à medida que as escavações avançam. Se essas previsões se concretizarem, o Cemitério de Nuremberg se tornará o maior cemitério de massa já investigado cientificamente na Europa.
Os esqueletos encontrados estão em muito bom estado, o que permite aos pesquisadores realizar uma análise detalhada. Esses estudos fornecerão informações valiosas sobre as condições de vida das pessoas. Também será possível determinar a idade e o sexo do falecido ou estudar a condição de seus dentes. Dessa forma, os cientistas poderão tirar conclusões sobre a saúde geral dessas pessoas.
Comentários
Postar um comentário